sábado, 23 de abril de 2011

SOBRE PARADIGMAS...



Fonte:http://www.calex.eti.br/2010/08/como-nasce-um-paradigma


Vivemos em um mundo onde os rótulos definem o que devemos consumir, onde tudo é padronizado, predefinido: UM MUNDO DE PARADIGMAS. A Ciência está repleta de paradigmas e esta palavra nos acompanha (ou persegue, como queira) desde os nossos anos iniciais da formação acadêmica. Mas, o que significa a palavra PARADIGMA? No Dicionário Aurélio, figura como Substantivo masculino cujo significado é 1.Modelo, padrão ou 2.Termo com o qual Thomas Kuhn (v. kuhniano) designou as realizações científicas (p. ex., a dinâmica de Newton ou a química de Lavoisier) que geram modelos que, por período mais ou menos longo e de modo mais ou menos explícito, orientam o desenvolvimento posterior das pesquisas exclusivamente na busca da solução para os problemas por elas suscitados. 
Portanto, um PARADIGMA já nasce com o propósito de não ser PERMANENTE. Mas, por que, então, o usamos ao longo da vida COMO VERDADES INCONTESTES? Talvez a historinha abaixo (que explica a figura de abertura desta postagem) ilustre bem o que acontece com os paradigmas.

" Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jato de água fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancadas. Passado mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.

Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, da surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído. Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nuncatendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às bananas.
Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: “Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui…
Fonte: http://evangelhohorizontal.blogspot.com/2010/01/como-nasce-um-paradigma.html

             É assim que nós nos comportamos com os PARADIGMAS, AS VERDADES QUE A NÓS SÃO REPASSADAS AO LONGO DE NOSSA FORMAÇÃO ACADÊMICA e AS QUAIS TOMAMOS COMO NOSSA, SEM NUNCA NOS QUESTIONARMOS SOBRE A VERACIDADE, VALIDADE E APLICABILIDADE ATUAL. Porque para que um PARADIGMA cumpra com o seu papel é necesário que NÓS busquemos soluções alternativas ao conhecimento atual: "Conhecer o suficiente para gerar a capacidade de ignorar esses modelos é uma obrigação da literatura fantástica moderna. [...] o que importa é inovar constantemente. Conhecer as regras e quebrá-las por convicção, jamais por ignorância. Causar o novo é preciso! Um paradigma só é tão eterno quanto a capacidade humana de desafiá-lo". (Fonte: Paradigmas - Volume 1; Tarja Editorial).

Enfim, esta é a nossa missão enquanto médicos ou profissionais da saúde preocupados com a ditadura da indústria farmacêutica e da medicina mercantilista. Sejamos médicos pensantes, críticos e desafiadores da VERDADE ABSOLUTA. Em prol de uma medicina humanizadora, pessoal e eficiente.

Marcia Cristina

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Revendo paradigmas...

Homem, 64 anos, HAS, Dislipidêmico, 2 IAM prévios, com dor típica há 2 meses, progressiva. Cate: LS no 1/3 médio da DA (tipo 3, calibrosa e com bom cabo distal), LS proximal de CX, envolvendo a origem do primeiro ramo marginal (calibroso) e LS no óstio da CD (dominante). Assintomático após esquema terapêutico otimizado e controle da PA. Eco: FE 0,35%, VE 5,8/4,5, AE 4,1
SIV/PP 1,1/1,0, acinesia antero-septal.

Qual a melhor conduta?

a) Cirurgia de revascularização miocárdica (MIE -> DA e SAF -> Ao -> Mg e CD.
b) ATC com stent guiado por teste indutor de isquemia.
c) Tratamento clínico (visto a paciente estar assintomática após tto medicamentoso).
d) ATC com stent farmacológico na DA e não farmacológico nos demais stents.

Marcia Cristina

domingo, 3 de abril de 2011

Conversando sobre a Medicina Baseada em Evidências (MBE).

Dada a proximidade do nosso Curso sobre a análise crítica de artigos científicos utilizando os conceitos da MBE, pensei ser apropriado conversarmos um pouco sobre O QUE É E O QUE NÃO É MBE...
A prática da Medicina baseada em evidências implica em  tomar decisões clínicas individualizadas a partir das evidências obtidas de estimativas originadas em pesquisas de alta qualidade sobre grandes amostras populacionais.  Assim, a MBE não implica em massificação, como dizem os seus críticos. Significa usar a experiência clínica para individualizar o que há de melhor evidência científica para este ou aquele caso.

Ou seja, é fazer da prática médica um ato crítico e individualizado, porém de qualidade e custo efetivo, baseado em informações (evidências) confiáveis. É, a cada paciente, preocupar-se com aspectos como:
ü  Qual o tamanho do beneficio e o efeito adverso;
ü  Qual o melhor tipo de estudo/ método de pesquisa para a questão/ problema do meu paciente?
É preciso abandonar a forma de pensar tradicional e agir de forma crítica, investigativa.
Para praticar a medicina baseada em evidências é importante fazer a PERGUNTA CORRETA e BUSCAR A EVIDÊNCIA CORRETA, NO BANCO DE DADOS CORRETO.
1.       Para construir a PERGUNTA CORRETA:
·         Qual a acurácia do exame clínico?
·         Qual a melhor opção terapêutica?
·         Quais as consequências da doença?
·         Qual a intervenção que previne a doença?


1.       BUSCAR A EVIDÊNCIA CORRETA: Significa buscar o tipo de estudo adequado para sua pergunta. Sua dúvida ou questão é sobre etiologia, diagnóstico, prognóstico, terapêutica, prevenção. Saiba que para cada uma destas questões há um estudo adequado cujo desenho permite obter a evidência correta e de significado clínico/estatístico.
·         Diagnóstico ð Estudos de acurácia
·         Tratamento ð Ensaios clínicos randomizados
·         Prognóstico ð Estudos coortes
·         Prevenção ð Ensaios clínicos randomizados.
Desenho
Finalidade
Experimental
Animais
Experimento em Animais
Comparar terapêuticas
Humanos
Ensaio Clínico
Observacional
Analítico
Coorte
Identificar etiologia, fatores de risco e prognóstico
Caso controle
Revisão sistemática seguida de metaanálise
Combinar resultados de
estudos já realizados
Não analítico
Transversal
Medir prevalência, gerar hipóteses
Série de Casos
Doenças raras
Relato de caso
Doenças novas




















Atenção às revisões (revisões bibliográficas, revisões sistemáticas e metanálises). Há uma diferença importante entre elas:
ü  Revisão - intento para sintetizar os resultados de duas ou mais publicações sobre um tema específico.
ü  Revisão Sistemática – Reúnem, de forma metodológica, resultados de pesquisas clínicas e auxiliam na explicação de diferenças encontradas entre estudos primários que investigam a mesma questão.
ü  Metanálise - método estatístico aplicado à revisão sistemática que integra os resultados de dois ou mais estudos primários. O termo metanálise é comumente usado para se referir às revisões sistemáticas com análise estatística dos resultados.
1.       BANCO DE DADOS CORRETO: Cada tipo de pesquisa exige uma busca orientada, para que não se perca muito tempo.
As informações podem ser encontradas em bancos de dados diferentes:
1.1   PORTAIS: São úteis para encontrar estudos do tipo revisões sistemáticas e metanálises, assim devem ser acessados para procurar respostas para perguntas sobre efetividade das intervenções sanitárias-cuidados de saúde:
a)       Qual a efetividade de um tratamento x?
b)       Qual a efetividade de um tratamento x em condições y
c)        O tratamento x é mais benéfico que o tratamento y?
d)       Qual intervenção é eficiente para alcançar um resultado x?



3.2 Base de dados bibliográficos: Permite localizar artigos específicos, ensaios clínicos e revisões sistemáticas. Destes, o mais importante é o PUBMED.
PUBMED – É um serviço de acesso público, criado e mantido pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos (National Library of Medicine – NLM), que disponibiliza mais de 18 milhões de citações de várias bases de dados, dentre elas a MEDLINE.
1.       PERIÓDICOS:
·         Evidence Based Medicine Journal
·          ACP Journal Club
·          Best Evidence,
Todos publicados pelo American College of Physician (http://www.acponline.org)

Leitura adicional:
Espero ter ajudado... até o curso.

Marcia Cristina.