domingo, 26 de fevereiro de 2017

Prevenção primária de eventos cardiovasculares com ASPIRINA: QUANDO? ATUALIZAÇÃO 2017


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Diariamente me questionam quanto ao uso ou manutenção de Aspirina para os pacientes SEM DOENÇA CARDIOVASCULAR no ambulatório.

Primeiro, a definição de PREVENÇÃO PRIMÁRIA – prevenção do 1º EPISÓDIO DE QUALQUER UM DOS EVENTOS CARDIOVASCULARES (IAM, AVC, CLAUDICAÇÃO, MORTE CARDIOVASCULAR).   A presença de DOENÇA ATEROSCLERÓTICA SUBCLÍNICA – SEM EVENTO CARDIOVASCULAR PRÉVIO, TAMBÉM PSIGNIFICA FAZER PREVENÇÃO PRIMÁRIA.

A PREVENÇÃO PRIMÁRIA DE EVENTOS deve incluir TRATAMENTO DOS FATORES DE RISCO CLÁSSICOS (HAS, DLP, DM, SEDENTARISMO, TABAGISMO, STRESS, DEPRESSÃO, OBESIDADE).

ASPIRINA NÃO DEVE SER INDICADA, NESTES PACIENTES, UMA VEZ QUE NÃO REDUZ MORTALIDADE CARDIOVASCULAR NEM POR CANCER, ALÉM DE REDUZIR DE FORMA NÃO RELEVANTE IAM (NNT 162)1. A Redução do Risco Relativo ou Eficácia do uso de AAS para redução de qualquer evento cardiovascular é de 10%, com um NNT para qualquer doença cardiovascular de 120 (logo muito modesta a relevância), às custas de um NNH (sangramento qualquer) de 79: o que implica dizer que o risco de efeito adverso é maior que o benefício nestes pacientes (preciso tratar 120 para ter um benefício, porém apenas 79 precisam fazer uso de aspirina para ter um sangramento).



 Duas meta-analises mostraram resultados superponíveis1,2.

A recomendação atual da AHA, ACC e ADA4,5 para aspirina na prevenção primária3 segue abaixo:



Recomendação Grau B (GRADE)
Recomendação Grau C (GRADE)
Evidência Insuficiente
50 – 59 anos
60 – 69 anos
< 50anos ou > 70anos
Alto risco CV em 10 anos (10% ou mais)
Alto risco CV em 10 anos (10% ou mais)
Não fazer
Expectativa de vida > 10 anos
Expectativa de vida > 10 anos
Uso por 10 anos ou mais
Uso por 10 anos ou mais
Baixo risco de sangramento (não uso de AINES, Anticoagulantes, sem história prévia de sangramento GI ou Ulcera péptica)
Baixo risco de sangramento (não uso de AINES, Anticoagulantes, sem história prévia de sangramento GI ou Ulcera péptica)

A dose de AAS deve ser de 81mg/d, preferencialmente na formulação tamponada.
Para o cálculo do risco CV em 10 anos, recomenda-se o ACC/AHA risk calculator ASCVD-Risk-Estimator, disponível on line e em aplicativos.


Risco de sangramento GI x Risco CV:

(Interessante porque calcula não só os riscos, como calcula o NNT e NNH, alem do benefício de inibidor de bomba de prótons ou não).

Por hoje é só....

Referências

1.       Seshasai SRK, Wijesuriya S, Sivakumaran R et al. Effect of Aspirin on Vascular and Nonvascular Outcomes: Meta-analysis of Randomized Controlled Trials. Arch Intern Med. 2012; 172(3):209-216.
2.       Bartolucci AA, Tendera M,  Howard G et al. Meta-Analysis of Multiple Primary Prevention Trials of Cardiovascular Events Using Aspirin. The American Journal of Cardiology. 2011;107(12): 1796-1801.
3.       Bibbins-Domingo K on behalf of the U.S. Preventive Services Task Force. Aspirin Use for the Primary Prevention of Cardiovascular Disease and Colorectal Cancer: U.S. Preventive Services Task Force Recommendation Statement. Ann Intern Med. 2016;164:836-845.
4.       Executive Summary: Standards of Medical Care in Diabetes 2013. DIABETES CARE. 2013; 36 (SUPPLEMENT 1). DOI: 10.2337/dc13-S004
5.       Pignone M, Alberts MJ, Colwell JA et al; American Diabetes Association. Aspirin for primary prevention of cardiovascular events in people with diabetes: a position statement of the American Diabetes Association, a scientific statement of the American Heart Association, and an expert consensus document of the American College of Cardiology Foundation. Diabetes Care. 2010;33:1395-402.



Lembremo-nos sempre da máxima: LESS IS MORE.

Até a próxima postagem.

Marcia Cristina.


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