Diagnóstico de Infarto Agudo do Miocádio na Era da
Troponina Ultrassensível: Revendo conceitos....
Em
25 de agosto último durante o Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia,
em Munique, foi anunciada a Terceira Definição Universal de IAM com chancela
das principais sociedades internacionais de cardiologia [European Society of Cardiology (ESC), the American College of
Cardiology (ACC), the American Heart Association (AHA) and the World Heart
Federation (WHF)] e publicada simultaneamente em 5 jornais de grande
impacto (European
Heart Journal, the Journal of the American College of Cardiology, Circulation, Global
Heart and Nature Reviews Cardiology).
As
causas de elevação das troponinas de origem não isquêmica também são citadas:
O
documento recomenda a dosagem da troponina à admissão e com 3-6 horas após.
Valores considerados elevados estão acima do percentil 99 do valor de
referência (que varia conforme o Kit em uso).
O
diagnóstico de IAM se baseia na elevação e queda dos níveis de troponina, com
pelo menos 1 das dosagens acima do percentil 99, ALIADOS À ELEVADA
PROBABILIDADE PRÉ-TESTE DE IAM (DOR TÍPICA/FATORES DE RISCO/ECG).
Outra grande contribuição do documento é a CLASSIFICAÇÃO UNIVERSAL DE IAM em 5 tipos:
Dois
conceitos importantes são reforçados no documento:
-
Infarto agudo recorrente: nova dor
torácica com elevação dos MNM após os 28 dias do IAM inicial ou incidente
(primeiro IAM).
-
Reinfarto: novo IAM ocorrendo dentro
dos 28 dias do IAM incidente.
Resta
a questão da troponina ultrassensível, que ficou omissa do documento por não
ser autorizada pelo FDA. NÃO RECOMENDA o uso de Troponinas ultrassensíveis, por sua variabilidade com o sexo e possibilidade de níveis detectáveis mesmo em pessoas normais. Não oferece um racional para o diagnóstico de IAM com este tipo de marcador.
Entretanto, Harvey
D. White [American Heart Journal, 2010; (159(6): 933-936] define IAM conforme
os valores de Troponina US, conforme fluxograma abaixo. Revisão do UpToDate
utiliza apenas elevações acima de 50% (independente dos valores basais).
Em
resumo, devemos permanecer utilizando a troponina I
ou T, com sensibilidade
e especificidade já bem conhecidas e equilibradas em detrimento à Troponina
ultrassensível que é multo sensível, mas muito baixa especificidade, logo maior chance de falso
positivos, com consequências perigosas para o paciente (internamentos,
tratamentos e intervenções desnecessárias).
Até a próxima postagem.
Aguardo os comentários.
Marcia
Cristina.